domingo, 20 de outubro de 2013

Cambodja – The Kingdom of Wonder / Siem Reap

Mais um autocarro, mais uma viagem. Cumpridas as seis horinhas de praxe, eis-nos em Siem Reap, novamente rodeados de tuk tuks prontos para nos levar ao hotel. Fizemos a melhor das escolhas (o rapaz haveria de se mostrar super prestável em todo o dia seguinte), mas achamos que ele ficou mais contente de nos levar a nós que outra coisa. É que não é todos os dias que se transporta esses seres afortunados que vêm do país do Cristiano Ronaldo. Oh rapaz, pára lá com as vénias e o beijar de mãos que o Daniel estava a brincar quando disse que era primo do CR7...



 Uma certeza quanto ao Cambodja: as pessoas são as mais simpáticas que encontrámos na viagem. Sorriem-nos na rua, são amáveis a receber, desdobram-se para fazer o que lhes pedes, dão conselhos de viagem e ainda te servem de sorriso constante e piadas pelo meio. Não faltam motivos para adorar o Cambodja.

Assim foi no hotel, onde fomos atacados com um serviço irrepreensível. Mais atenciosos era difícil, justificando bem o prémio do TripAdvisor deste anos.


Mas isto é e tem sido sempre a andar (só faltam mesmo dois dias?) e a verdade é que havia um estômago para alimentar. O tuk tuk deixou-nos no centro, na zona dos bares e restaurantes, um sítio animado, bem disposto e cheio de turistas a passear. Agradável nas sensações e bonito ao olhar.





Mais crianças a vender souvenirs, outras a pedir dinheiro, crianças com crianças ao colo e, em contraste, uma menina divertida, que também vendia nas ruas, a revelar-se já amiga de todos os turistas e que se divertia na conversa com eles. Já merecias que te comprasse qualquer coisa, só pelo “Thank you! I don’t work here, but I like you to come!”. Um impressionante nível de inglês, até para a idade. Aliás, por aqui não faltam escolas internacionais, não surpreendendo, por isso, que grande parte das pessoas saiba falar bem o inglês (mesmo que continuem a dizer “apter”...).

É bom saber que sabem dizer mais do que “want to buy something?” ou “massage lady?”, que foi o que mais ouvimos no pequeno passeio que demos até ao Night Market, um mercado que, apesar do número de mosquitos, apresenta-se mais agradável do que o que vimos até agora. Aqui não há comida, o que facilita a respiração, apenas souvenirs e massagens, num ambiente dos bons.



Mas a cidade não tem muito mais e talvez até seja melhor assim. Afinal quem ali pára é atraído pelos muitos templos, sobreviventes do império Khmer. Nós por cá, resolvemos seguir a tradição e levantámo-nos às 4 da manhã para ir assistir ao nascer do sol junto ao imponente Angkor Wat. Parece anedota, eu sei, foi o que nós pensámos quando saímos para a rua deserta ainda de noite: “olha que dois tolinhos!”.

Mas! Não eram apenas dois. Ao aproximar do local, começaram a ser dezenas os tolinhos, depois centenas os tolinhos acordados àquela hora. Parecíamos todos membros de uma seita a dirigir-se para um ritual secreto. Sim, faço muitos filmes quando não durmo.


Chegados à frente do monumento, havia que lutar por encontrar um bom lugar e por desviar das inúmeras câmaras, smartphones e iPads já em posição estratégica e em testes. Mas o que é isto...? Pá, vão ao Google buscar fotos, são iguais.


Durante meia hora, o sol lá vai fazendo desenhos de luz por trás do templo e nós percebemos que, afinal, essa coisa do madrugar faz sentido. É um espetáculo digno dos 20 dólares que se deixam à entrada, mesmo que eu continue a achar que isto de taxar a natureza...meh. Esta gente é muito esperta, faz dinheiro de tudo. E o momento ganha outra dimensão quando se ouvem as rezas matinas dos monges lá bem ao longe. Fomos atrás do som e demos por nós num templo com os monges a fazer a sua única refeição do dia, ao som de uma chinfrineira monumental. Aquela música naquele tom acorda até as pedras do Angkor Wat, credo! Bela aparelhagem têm eles.





A ideia do roteiro aos templos de Angkor é passar pelos restantes edifícios. Não fomos a todos porque são mais do que as mães, mas explorámos ao máximo o Angkor Wat, o espaço de Angkor Thom e o templo do Tom Raider, o Ta Phrom, com as árvores a crescer por cima das ruínas.











Em todos os templos, encontrámos monges budistas que, com pequenos rituais, colocavam pulseiras benzidas nos pulsos dos turistas que os descobriam. Diz que é para dar boa sorte, mas eu cá duvido que vá resultar comigo. É que a pulseira pressupõe um donativo em troca, que demos ao primeiro monge, mas que já não demos ao segundo, que me apanhou de surpresa, pôs-me um pauzinho de incenso nas mãos e já me estava a benzer a pulseira quando lhe disse que não tinha dinheiro comigo (é verdade!). Cheira-me que esta pulseira vem mas é com uma praga associada em vez de boa sorte.


Superstições à parte, é uma visita que vale bem a pena pela dimensão, envolvência e beleza dos templos. Mas, realmente, quem descobriu o nascer do sol em Angkor Wat soube vender muito bem a ideia. E ainda bem que a chuva (dilúvio!) tinha parado umas horas antes . já nos basta os pés nas poças e o frio matinal para ficarmos doentes.








Ainda atordoados com tanta agitação e ainda não é meio dia, fomos de tuk tuk até às aldeias flutuantes. Ficavam no fim do mundo, e era preciso atravessar uma estrada com mais buracos que um queijo suíço. Nossa, que viagem doida! Que dor nos rins! Que cabeçada!




A ideia que nos foi vendida foi que, por 20 dólares, andaríamos uma hora e meia de barco por entre as vilas e o mercado. Mas, a bem dizer, foram só uns 30/40 minutos, sem mercado e com uma passeio muito ao de longe por uma única vila. Bela fraude, que nos deixou frustrados e furiosos. Eu até cheguei a adormecer duas vezes. Num barco, imagine-se!





Achamos que o guia não gostou do facto de não querermos ir ao mercado comunitário ajudar, com alimentação, as crianças órfãs devido aos muitos tufões que assolam a zona todos os anos (o próprio pai dele tinha morrido num tufão).

Claro que não adianta fazer queixa porque eles põem-se a falar entre eles, nós não apanhamos uma e ainda sentimos que somos gozados. É a terra deles, as leis e regras deles. O turista que se sujeite. Enfim, é esquecer.

Mais vale ir dormir um bocado que o nosso mal é sono. Almoço na piscina do hotel e vamos mas é passar pelas brasas – finalmente! – que amanhã é dia de mais uma viagem. Desta vez, de volta a Bangkok. Está a fechar-se o ciclo e a terminar a aventura asiática pelo fim do mundo à direita.





4 comentários:

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  2. Outro mundo..... "Verdadeiramente Louco "

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  3. Mundo fantástico... Estive lá há uns anos, é impossível transmitir, em qualquer imagem, por melhor que seja, a sensação que se tem num local como aquele

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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